Em depoimento, na última quarta-feira (9), no terceiro dia de julgamento do caso no Fórum de Niterói, na Região Metropolitana do Rio, Luana afirmou que Flordelis, ao lado da filha afetiva Marzy Teixeira “jogava pózinho no suco do pastor”.
“Eu via várias vezes as tentativas de envenenamento. Ela (Flordelis) e Marzy. Ela jogava pózinho no suco do pastor. Aí eu descobri que era envenenamento quando a esposa do Carlos (filho de Flordelis) tomou e ela ficou cinco dias internada. Elas quebravam o comprimido para virar um pózinho. Uma fazia e a outra levava o suco para o pastor. Quando eu vi, ela disse que ele era ruim de tomar remédio e que ela tinha que fazer assim para ele tomar”, disse Luana.
Depois de cerca de duas horas e meia de depoimento, Luana falou à imprensa que não tem dúvida que Flordelis é a mandante da morte de Anderson do Carmo. Ela também relatou achar um “absurdo” a acusação de estupro que a defesa levou ao júri.
“Não tenho dúvida nenhuma que ela foi a mandante. Nenhuma dúvida, é óbvio. Isso é um absurdo (acusação de abuso sexual). Essa é a sétima ou oitava versão dela. Para mim é um absurdo. Ela está tentando de qualquer jeito e cada vez ela se afunda mais nessas hipóteses dela. É uma ofensa ela falar isso do pastor. Tenho pena da Flordelis”, afirmou Luana.
Além da ex-parlamentar, denunciada como a mandante do crime, três filhos dela e uma neta também estão no banco dos réus. São eles: Simone dos Santos Rodrigues, filha biológica de Flordelis, a filha dela Rayane dos Santos Oliveira, e os filhos afetivos da ex-deputada André Luiz Oliveira e Marzy Teixeira da Silva. O julgamento deve ir até este sábado (12).
Até chegar o momento dos sete júris deliberarem pela condenação ou inocência dos réus, a sequência do julgamento é: depoimento de todas as testemunhas, depois o depoimento dos cinco réus, em seguida são as alegações finais do Ministério Público e assistente de acusação, e por fim, as alegações finais das defesas. O MP, assistente e defesa ainda têm direito a réplica e tréplica. Só depois, o júri decide se os réus são culpados ou inocentes. Caso os jurados votem pela condenação, em seguida a juíza do caso, Nearis Arce, estipula a sentença com tempo e regime prisional.
Flordelis pode responder por homicídio triplamente qualificado (por motivo torpe, com emprego de meio cruel e de recurso que impossibilitou a defesa da vítima), tentativa de homicídio, uso de documento falso e associação criminosa armada.
Já Marzy Teixeira da Silva, Simone dos Santos Rodrigues e André Luiz de Oliveira responderão por homicídio triplamente qualificado, tentativa de homicídio e associação criminosa armada; e Rayane dos Santos Oliveira, por homicídio triplamente qualificado e associação criminosa armada.
Daniel Santos de Sousa, filho adotivo do casal, foi a segunda testemunha a prestar depoimento no terceiro dia de julgamento do caso no Fórum de Niterói, na Região Metropolitana do Rio. A oitiva começou por volta das 12h20.
O jovem de 24 anos contou que durante a conversa, em uma sala vip da igreja, sua mãe falava que o pai dele não era tudo aquilo que ele imaginava. Para ele, Flordelis parecia que estava tentando se explicar.
Daniel era o filho mais próximo do casal e acreditava ser filho biológico de Anderson do Carmo com a ex-parlamentar, só descobrindo que era adotado por meio da polícia, logo depois da morte do pai.
Em depoimento, o rapaz disse que antes do homicídio ficou sabendo, por duas vezes, de diferentes tentativas para matar o pastor. A primeira foi quando Lucas, seu irmão afetivo já condenado por ter comprado a arma do crime, o confidenciou no carro que Marzy tinha lhe oferecido dinheiro para matar Anderson numa simulação de assalto. Daniel narrou ainda que a segunda vez foi quando ficou sabendo que Simone procurou um ex-namorado, identificado como Rogério, para matar o pastor, mas ele desistiu.
O jovem também afirmou que Flordelis tinha muito poder de influência sobre todos os outros réus e que já viu ela mesmo colocar remédios na comida do pai dele.
Daniel prestou depoimento por videoconferência, apesar de estar presente no Fórum de Niterói. Questionado pelos promotores do porque não querer estar presente fisicamente na sessão, o rapaz declarou que tinha um sentimento forte ainda e que o momento ainda era muito doloroso para ele. Ao ver o filho na tela, Flordelis chorou.
O início do depoimento de Daniel foi marcado por bastante emoção enquanto ele contava os últimos contatos com o pai ainda vivo, momentos antes do crime, e também de quando o encontrou já morto na garagem da casa da família, no Badu, em Niterói. Durante a fala de Daniel, os réus Simone e André também chegaram a chorar.
Por conta da chamada virtual, em alguns momentos a comunicação entre os promotores e a testemunha falharam.
Com isso, assim que foi dada a pausa para o almoço de uma hora, às 14h, o promotor Carlos Gustavo Andrade, acompanhado dos colegas Mariah Paixão e Décio Viegas, se manifestou contrário à decisão da juíza Nearis Arce de não retirar os réus da audiência, conforme requerimento da defesa dos réus de que as testemunhas que se sentissem constrangidas que fossem retiradas da sala ao invés dos réus.
“Infelizmente a oitiva do Daniel teve que ser feita por videoconferência. Houve uma série de dificuldades técnicas para conseguir se fazer que a testemunha fosse ouvida, que as perguntas fossem ouvidas, mas aos trancos e barrancos, ainda que o jurado não possa ter tido a presença física da testemunha, lamentavelmente, que na visão do MP é fundamental na produção da prova, a gente conseguiu ouvir com todas as dificuldades e vai continuar pós almoço a oitiva do Daniel. O Ministério Público está satisfeito com as testemunhas que estão sendo ouvidas e tem certeza que será feita a justiça ao assassinato do pastor Anderson”, declarou o promotor.
O depoimento de Daniel foi retomado depois das 15h.