Diante da negativa, buscou outro técnico gaúcho com história no clube, Mano Menezes, 61, que disse "sim" e já dirige o time na atividade desta quinta-feira (28).
O acerto se deu um dia após o anúncio da demissão de Vanderlei Luxemburgo, 71. Havia pressa, porque os objetivos que restam na temporada são urgentes: manter a equipe na primeira divisão do Campeonato Brasileiro e brigar pelo título da Copa Sul-Americana, com vaga na decisão em disputa na próxima terça (3), contra o Fortaleza, no Ceará.
Foram 48 horas agitadas no Parque São Jorge. O empate por 1 a 1 com o Fortaleza no primeiro jogo das semifinais, na última terça (26), deu-se enquanto Tite chegava ao Rio de Janeiro, recepcionado por um batalhão de repórteres que o questionava sobre o possível acerto com o Flamengo. "O que me pauta é o respeito", respondeu, constrangido.
Reagiu, então, o Corinthians. Se a justificativa dele para não abrir negociações, "o respeito", era que o clube paulistano tinha um treinador empregado, esse argumento caiu. Luxemburgo foi demitido.
Enquanto isso, Jorge Sampaoli continuava dirigindo os treinos do Flamengo, mesmo sabendo que sua demissão -ainda não concretizada- era só uma questão de negociação dos termos da rescisão.
Do ponto de vista "moral", palavra que Tite usa com frequência, o Corinthians passou a ter oficialmente o que o Flamengo não tinha: uma vaga.
Os dirigentes rubro-negros, no entanto, mantiveram a tranquilidade, levando a crer que a chegada do profissional estava bem encaminhada. Então, os cartolas alvinegros adotaram o plano B.
Mano pousou em São Paulo ainda na noite de quarta-feira (27). No dia seguinte, acertou detalhes contratuais, com compromisso até o fim de 2025, e iniciou sua terceira passagem pela agremiação nascida no bairro do Bom Retiro. De novo, como nas duas ocasiões anteriores, chega em momento de reconstrução, embora em circunstância diferente.
Menezes desembarcou no Parque São Jorge, pela primeira vez, em 2008, logo após o histórico rebaixamento preto e branco no Campeonato Brasileiro definido em empate com o Grêmio, dirigido por ele. "É o maior projeto do futebol brasileiro", afirmou, recusando o então mais bem estruturado Cruzeiro.
O trabalho não foi imune a críticas, com questionamentos sobre sua participação em contratações e sobre algumas de suas escolhas técnicas.
Mas o Corinthians voltou à primeira divisão com uma pontuação nunca antes alcançada na Série B e, em 2009, conquistou o Campeonato Paulista e a Copa do Brasil. Resultados que alçaram o gaúcho, em 2010, à seleção brasileira.
Enquanto ele estava no time nacional, Tite voltou ao Corinthians -onde havia estado entre 2004 e 2005- e ganhou quase tudo. Foi, entre outros títulos, campeão brasileiro, sul-americano e mundial. Aí, em 2013, teve um ano complicado, conviveu com ameaça de queda à segunda divisão e foi demitido.
Quem o substituiu foi Mano, que em 2014 mexeu bastante no elenco. Descartou peças como o outrora importante Douglas. Deu espaço a Rodriguinho. Foi decisivo na troca de Pato jogador pedido por Tite por Jadson.
Fagner, Felipe e Malcom se tornaram titulares. Decisões importantes para que o time fosse, em 2015, de novo com Tite à beira do campo, campeão brasileiro.
Mano Menezes que teve seu trabalho mais recente no Internacional e foi demitido em julho- de novo se vê na obrigação de promover uma reconstrução, com um grupo de atletas envelhecido.
Renato Augusto, por exemplo, seu atleta no time em 2014, então com 26 anos, hoje tem 35 e evidentes limitações físicas. Os laterais Fagner e Fábio Santos têm 34 e 38, respectivamente.
O Corinthians, outra vez, precisa remodelar seu elenco. Mas há uma diferença óbvia no retorno do velho comandante. Ele não chega apenas para reconstruir o elenco, pensando no futuro.
Existe a necessidade juntar os cacos e tentar, em menos de uma semana, fazer um bom papel para avançar à final da Sul-Americana. Antes disso, no sábado (30), há clássico contra o São Paulo, pelo Brasileiro.