O advogado Ércio Quaresma, que defende o ex-estudante de mestrado Thiago Mayson da Silva Barbosa, condenado por estuprar e matar a estudante de jornalismo, Janaína Bezerra, 21 anos, afirmou que as penas aplicadas ao réu foram “excessivas”.
Após mais de 20 horas de julgamento, o Tribunal do Júri condenou Thiago Mayson a 18 anos e 6 meses de prisão. A mãe de Janaína e o movimento de Mulheres se indignaram com a sentença, já que esperavam cerca de 70 anos de prisão.
Thiago Mayson foi condenado pelos crimes de homicídio, estupro de vulnerável, vilipêndio de cadáver e fraude processual.
Janaína Bezerra foi morta em janeiro deste ano ao participar de calorada dentro do campus da Universidade Federal do Piauí (UFPI). Segundo a perícia, ela foi estrangulada e estuprada mesmo depois de morta.
Ércio Quaresma confirmou ao Cidadeverde.com que recorreu ao Tribunal de Justiça para reduzir ainda mais a pena do Thiago Mayson.
“Não houve pena de delito, tanto que o homicídio foi desqualificado de doloroso para culposo. Ele não teve vontade de matar. As penas aplicadas são excessivos”, disse o advogado afirmando que não poderia dar mais detalhes porque o processo corre em segredo de justiça.
Ércio Quaresma é conhecido nacionalmente, já que foi advogado do ex-goleiro Bruno Fernandes condenado por matar a modelo Eliza Samúdio.
As advogadas da família de Janaína também recorreram da decisão, pedindo a majoração da pena e o reconhecimento de que houve feminicídio.
O processo agora vai para o Tribunal de Justiça, que pode cassar a decisão do júri, como também pode reduzir ou aumentar a pena de Thiago Mayson.
Frente contra o Feminicídio
Norma Soely Guimarães, da Frente Popular de Mulheres, disse que o machismo venceu, quando a qualificadora “homicídio culposo” derrubou a de feminicídio no julgamento de Janaína Bezerra.
“Para a defesa, não importava as provas contundentes de um feminicídio com requintes de crueldade, que assusta qualquer serial killer. Importava inocentar o seu cliente para minimizar a pena. A lei do Feminicídio está sendo deturpada em cada julgamento, quando a vítima deixa de ser vítima e passa a ser ré por aceitar ir a uma sala/quarto com o feminicida. Ela foi sim, mas não queria ser estuprada nem morta. Para o feminicida não importava transar, ele queria estuprar, torturar, quebrar matar. Mas matar era pouco, ele queria expor aquela jovem menina negra, periférica e pobre, já morta fazendo vídeos dela. Mas não bastava estuprá-la e matá-la, queria estuprá-la depois de morta e sair com ela nos braços dizendo que foi um 'acidente'”, desabafou Norma Soely.