Uma perícia feita pela Polícia Federal no laudo usado pelo ex-candidato do PRTB à Prefeitura de São Paulo Pablo Marçal para acusar o candidato Guilherme Boulos (PSOL) de já ter usado cocaína concluiu que a assinatura do médico José Roberto de Souza, que é citado no documento, foi falsificada.
Os peritos da PF compararam a assinatura no laudo usado por Marçal com procurações e outros documentos assinados por José Roberto de Souza. A perícia da corporação diz ter encontrado divergências e afirma que a rubrica que aparece no documento publicado por Marçal não tem o mesmo padrão das assinaturas do médico.
“Verificou-se a prevalência das dissimilaridades entre a assinatura questionada e os padrões apresentados, tanto nas formas gráficas, quanto em suas gêneses, não havendo evidências de que tais grafismos tenham sido escritos por uma mesma pessoa”, relata a Polícia Federal.
Segundo a corporação, “as evidências suportam fortemente a hipótese de que os manuscritos questionados não foram produzidos pela mesma pessoa que forneceu os padrões”.
“No confronto com a assinatura questionada, observou-se a prevalência de divergências. Mesmo no aspecto geral da escrita com significativa divergência de forma, nota-se que em elementos mais refinados, como a construção dos alógrafos [variações na forma como as letras são escritas], também apresentaram divergências importantes. Outros aspectos da morfologia, como inclinação, andamento gráfico, valores angulares e curvilíneos da escrita, também resultaram divergentes”, explicou a perícia da PF.
Segundo o site do Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo), o registro profissional desse médico está inativo desde 2022. No sistema do CFM (Conselho Federal de Medicina), Souza aparece como “falecido”.
Na sexta-feira (4), Marçal publicou nas redes sociais um laudo que teria sido elaborado em janeiro de 2021 pelo médico José Roberto de Souza, com um suposto encaminhamento de Boulos ao psiquiatra, em critério emergencial, por “quadro de surto psicótico grave, em delírio persecutório e ideias homicidas”. Os supostos sintomas também incluíam “confusão mental e episódio de agitação”.
Em seguida, o médico passa a descrever o que seria o exame toxicológico de Boulos, apresentado por um acompanhante dele. “Indica positivo para benzoilmetilecgonina, cocaína”, diz o documento.
Fonte: R7