A utilização de um scanner 3D reafirmou que o tiro que matou a menina Débora Vitória, de seis anos, partiu do tenente da Polícia Militar do Piauí, Bernardo Filho. A constatação realizada pela perícia, com uso da tecnologia, confirma o resultado do inquérito policial do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) que também apontou o PM como o autor do tiro.
O crime ocorreu em novembro de 2022, durante uma tentativa de assalto no bairro Ilhotas, na zona Sul de Teresina, quando o PM trocou tiros com o criminoso. No tiroteio, a mãe da criança também ficou ferida.
"Através da análise de cada um dos fatos alegados pelas partes, de fato, de acordo com o laudo da reprodução simulada, desse scanner 3D, houve consistência que o disparo realizado pelo policial militar atingiu o corpo da criança que veio a óbito em seguida", reforça a delegada Nathalia Figueiredo, que presidiu o inquérito policial.
Na reprodução simulada com uso do scanner, a mãe, o PM e o acusado de assalto- Clemilson da Conceição Rodrigues- foram ouvidos e as versões confrontadas pela tecnologia.
No inquérito policial do DHPP, o tenente já havia sido indiciado por homicídio com dolo eventual, o que significa que ele assumiu o risco ao efetuar o tiro. Para a delegada, o militar não deveria ter atirado.
"Ele estava em uma situação que existiam civis, de troca de disparos, e, no meu entender, não poderia ter realizado [disparo], porque existiam uma mãe e uma criança na linha de tiro. As oitivas realizadas mostram que as duas estavam na linha de tiro. Ele, como profissional de segurança pública, não poderia ter realizado disparos nessa situação", avalia Figueiredo.
As versões coletadas também indicam que o PM estaria sob efeito de bebida alcoólica.
"Na oitiva, ele disse que diante do estado alcoólico, o policial estava atirando a esmo, teria dito que não sabia nem para onde estava atirando. Então, bate com o que a mãe relatou sobre o estado de embriaguez. Diante disso, tivemos embasamento para realizar o indiciamento", completa a delegada.
As novas provas foram enviadas à Justiça. Agora, o Ministério Público deve se posicionar sobre a denúncia. O PM continua solto.