O corte nos salários dos professores da Universidade Estadual do Piauí (Uespi) atingiu não somente os grevistas, mas até quem legalmente está afastado, por exemplo, para cursar pós-graduação. Os docentes contam que este é o segundo mês de retenção indevida de valores que, em fevereiro, foi ainda maior e ultrapassou R$ 4 mil, para alguns profissionais. A categoria pede reparo dos danos, apuração de responsabilidades e respeito.
Na semana passada, o Governo do Estado já havia se posicionado sobre os cortes em geral e também sobre descontos por eventuais faltas, licença, atestado ou férias e garantiu que, se constatado equívoco, os valores seriam devolvidos. Uma nova reunião, intermediada pelo Tribunal de Justiça do Piauí (TJ-PI), entre a categoria e o governo do estado, está agendada para esta segunda-feira (04).
De acordo com dados da Associação dos Docentes da Uespi (ADCESPI), 63 professores tiveram salários cortados em decorrência da greve. Parte deles estão de licença capacitação, através de portaria do Conselho Administrativo e de Planejamento (Conaplan), publicada no Diário Oficial do Estado, mas mesmo assim tiveram sofreram cortes em 70% no mês de fevereiro.
O número exato de quantos docentes afastados para doutorado ou outros cursos, não foi fornecido pela universidade.
"Estes docentes não podem ser punidos por falta ao trabalho, não estamos em greve, estamos estudando, nos qualificando. A legislação da própria universidade nos dá o direito de afastamento para cursar doutorado, portanto é uma atitude arbitrária, onde o mesmo estado que nos concede a licença, nos pune por ela", argumenta a professora Daiane Rufino, concursada na Uespi há 12 anos.
A retenção de salários e a privação de verbas alimentares acontece após o reconhecimento, em processos, pela Secretaria de Administração do Estado e pela Pro-reitoria de Administração da UESPI, da licença capacitação e também do direito à restituição do corte salarial feito no mês de janeiro.
“Até onde se sabe, praticamente toda a Uespi está sem as atividades de ensino, mas, por dois meses seguidos, os mesmos professores sofreram descontos, inclusive professores que estão afastados. Como colocar falta em apenas um professor de um mesmo curso, se todos estão em greve? Como colocar falta em professores que estão legalmente licenciados? A palavra fica com os gestores”, questiona o professor Renê Aquino, docente da instituição há 18 anos.
Além de novos processos administrativos, os professores licenciados estão recorrendo através de ações judiciais para reparo de danos financeiros, morais e psicológicos causados pelos cortes salarias em dois meses consecutivos. Eles também pedem que a reitoria da Universidade apure as responsabilidades de quem indicou os nomes dos docentes para corte salarial, uma vez que é a própria Uespi que autoriza o afastamento.