Os casos de abuso sexual contra crianças e adolescentes cresceram 30% em seis meses em Teresina. O alerta é da Secretaria Municipal de Cidadania, Assistência Social e Políticas Integradas (Semcaspi ) e leva em consideração os registros entre os meses de janeiro a junho de 2022, quando 91 casos de abuso sexual foram registrados em Teresina. Ou seja, 30% a mais do que o registrado no mesmo período de 2021, quando 70 casos foram notificados na capital.
Os dados revelam ainda que as zonas Sul e Leste registraram os maiores índices de abuso sexual contra crianças e adolescentes. Na região Sul foram registrados 38 casos, na zona Leste 22, na Centro/Norte 17, e na Sudeste 14 casos.
O secretário da Semcaspi, Allan Cavalcante, frisou que os aumentos nos registros de abuso sexual estão ligados à flexibilização da pandemia da Covid-19. Uma vez que, segundo ele, as pessoas saíram do trabalho remoto e as crianças voltaram às aulas.
“Isso não quer dizer que houve uma redução dos casos, mas sim das denúncias, ou seja, o crime acontecia, mas por alguma situação não era denunciado. As zonas Sul e Leste são as que têm apresentado maiores índices e que merecem ações intensificadas de toda uma rede de proteção”, pontuou o secretário.
Os dados são referentes aos atendimentos dos conselhos tutelares de Teresina e apontam um total de 91 casos de abuso sexual.
“A nossa maior preocupação é melhorar nossos serviços. Temos na prevenção, os centros de convivência, que possibilita o fortalecimento de vínculos com a comunidade e a família; e no enfrentamento, os conselhos tutelares, que estão sendo reestruturados e reformados, seja na estrutura física do prédio, tecnológico e veículos para o atendimento de ocorrências”, ressaltou o secretário Allan Cavalcante.
VIOLAÇÕES ACONTECEM NO ÂMBITO FAMILIAR
A conselheira Socorro Arraes, do IV Conselho Tutelar, da zona Leste, destaca que a maioria das ocorrências de violações contra crianças e adolescentes tem acontecido dentro do próprio lar, no âmbito familiar.
“É no espaço da família onde tem acontecido a maioria destas ocorrências. O que é lamentável porque ao invés de proteger, são os principais responsáveis pelas violações de direitos e violências sexuais. Infelizmente, a gente constata que o agressor tem sido alguém próximo da criança ou do adolescente, um amigo da família, um padrasto, o próprio pai, um irmão, um tio. O que constatamos é que o vínculo familiar está fragilizado e que apesar de termos avançado na política geral de proteção, precisamos fortalecer toda a rede, para que os órgãos envolvidos atuem de forma mais efetiva”, esclareceu.
Um dos casos de mais notoriedade na sociedade teresinense é o da criança de 11 anos que está grávida pela segunda vez após ser novamente estuprada. O caso ganhou repercussão nacional. A mãe da criança suspeita do tio paterno e pede que a filha fique em um abrigo para que ela saia da situação de vulnerabilidade.
Dados GDH/Semcaspi
TOTAL de Janeiro a Junho de 2022
Total: 91 casos
TOTAL de janeiro a junho de 2021
Total: 70 casos